Uma caveira de platina cravada com diamantes do artista Damien Hirst, do grupo dos Young British Artists foi vendida em 2007 a um fundo de investimento pelo preço pedido de 100 milhões de dólares. Moldada a partir da caveira de um homem europeu de 35 anos que viveu no século 18, mas conservando os dentes originais, a caveira é revestida com 8.601 diamantes, incluindo um grande diamante cor-de-rosa que vale mais de 8 milhões de dólares no centro de sua testa. Hirst se inspirou em caveiras astecas também cravadas de jóias. Alguns críticos a consideraram de mau gosto e outros a viram como reflexo de uma cultura obcecada por celebridades.
Cobrindo o globo com figurinhas colantes, e não por diamantes, o brasileiro Nelson Leirner deixa seu comentário na série “Assim É se lhe Parece”, 2003, sobre as relações culturais e econômicas entre os países. Suas formas são adaptações às formas pré-existentes: reproduz o planisfério com outras representações consagradas (bandeiras, ícones populares e caveiras) sobre ele. É uma reinterpretação do mundo a partir dos mapas subvertidos por stickers, adesivos desses vendidos em bancas de jornal ou em sinais de trânsito, de ícones pop ou de bandeirinhas dos EUA. A representação de uma idéia, de um modo de ver, um discurso transformado em obra plástica, no qual as imagens exemplificam o senso comum sobre seus conteúdos. Comenta com ironia, crítica e humor, aspectos da cultura, do mercado de arte e de questões políticas e econômicas no globo. Na exposição "O Artista e a Bola", na Oca do Ibirapuera, estão duas obras da série "Assim É se lhe Parece", em uma delas os continentes estão cobertos por caveiras.
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E na maior exposição sobre a civilização Maia já feita no Brasil: Mayas: revelação de um tempo sem fim, também na Oca, mostra mais de 380 objetos e celebra essa civilização pré-colombiana. Descobertas arqueológicas indicam que o homem está presente na América há pelo menos 20 mil anos. A mais antiga das 3 civilizações conhecidas ameríndias é a maia, surge na península de Yucatán, na América Central, por volta de 2.600 a.C., e ocupa a região mesoamericana.
Todos os monumentos, templos e palácios são abundantemente decorados: esse povo tem horror a espaços vazios; em geral ornamentos e hieróglifos envolvem personagens representados, e são compostos segundo um elevado sentido de simetria, uma inspiração para Damien Hirst. A arte ritual também retrata a prática do sacrifício humano. As teorias mais aceitas indicam que as vítimas eram executadas como forma de oferenda ou de apaziguar determinados deuses. O sacrifício humano esteve presente como aspecto cultural de diversos povos que habitavam a Mesoamérica antes da chegada dos espanhóis, em 1492. A prática de expor os crânios dos sacrificados já se observava em Huamelulpan (Oaxaca, México) no início da Era Cristã.
Quando os espanhóis iniciam a colonização da América, esse povo já se encontra em declínio. Bem mais recente, o império asteca inicia-se em 1376 e vai até 1521, quando Tenochtitlán, a capital do império, é conquistada e destruída pelos espanhóis, que sobre ela edificam a atual Cidade do México.
Diamantes cobrem crânios, stickers de crânios cobrem o mapa, crânios de calcário cobrem altares. Escreveu Cauê Alves: “Mas se apenas a técnica ou meio não são suficientes para tornar um trabalho de arte cidadão de seu próprio tempo, talvez seja o modo como ele se instaura no mundo o fundamental. E como o que uma boa obra de arte diz e o modo como o faz não pré-existem a ela mesma, ou seja, como ela torna presente significações em vez de simplesmente traduzi-las para um novo suporte ou matéria – conseguindo ir além da sua materialidade, do visível e do sensível –, ela jamais poderá ser reduzida a um instrumento. É nesse sentido que se diz que ela é instituinte, porque ela não se contenta com o já instituído, mas ela institui outras significações até então inéditas.”